Açores
Por John Updike
Tradução de Jorge de Sena
Grandes navios verdes
eis que navegam
ancorados, para sempre;
sob as águas
enormes raízes de lava
prendem-nos firmes
a meio do atlântico
ao passado.
Os turistas, pasmando
do convés,
proclamam aos guinchos lindas
as encostas malhadas
de casinhas
(confetti) e
doces losangos
de chocolate (terra).
Maravilham-se com
os campos graciosos
e os socalcos
feitos à mão para conter
os modestos frutos
das vinhas e das árvores
importadas pelos
portugueses:
paisagem rural
vindo à deriva
de há séculos;
a distância
amplia-se.
O navio singra.
Outra vez a constante
música alimenta
um vazio à popa,
os Açores sumidos.
O vácuo atrás e o vácuo
à frente são o mesmo.
Tal como prometido, aqui vai a tradução; obrigada à Katharine por me ter recordado esta promessa. Quem quiser ler o original que clique aqui!
18/02/2009
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1 comentário:
Não sou nenhum conhecedor ou apreciador de poesia, contudo não posso deixar de comentar o quanto esta transporta-me visualmente para as suas linhas.
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