27/10/2008

PSSST!


étudojunto?comousemhífen?


vamosláaverseconseguemdecifrarestaslinhitas.não?pudera,semcontarcomoluxodeumapontuaçãomínima(nãoconsigoresistir-lhe)nãoestouafazeroquedeveria:carregarnatecladeespaço.zeroespaços.oresultadoatétemgraça.
E porque vos submeto a esta tortura? Para serem solidários comigo e sofrerem das mesmas agruras que sofro quando vejo casos como “concerteza” ou “benvindo”. Não havia tecla de espaço nesses computadores? Sabem, aquela tecla esticadinha entre o ALT e o ALT GR?
Com certeza é uma locução adverbial demonstradora de concordância e que, como qualquer locução que se preze, tem duas ou mais palavras. No segundo caso, o que faz falta é a tecla do hífen, logo ali na vizinhança da outra… Bem-vindo ou bem-vinda é uma palavra justaposta — portanto, obrigatoriamente ligada por hífen. Portanto, nada de “benvindo” ou de “bem vindo”, como já vi num espaço comercial da nossa cidade: ou somos bem-vindos ou somos coisíssima nenhuma. A propósito, e em inglês, welcome é tudo junto e só com um L.
Isto das teclas de espaço e de hífen permite extrapolar para outro campo. Porque, na verdade, a língua é como a vida real. Tal como as palavras precisam de espaços para se poderem ler os seus significados, também nós precisamos. De dar e receber espaço q.b. para viver, verdejar, florescer; e q.b. para não sentirmos solidão. Um lugar-comum, eu sei, mas não custa lembrar. E descansem, que isto da palpitante veia poética é raroacontecer.olhem,queremverqueseescangalhouatecladeespaço?...
Publicado no Açoriano Oriental de 26 Out 08

26/10/2008

Que saudades de um bom folhetim!



Alexander McCall Smith, nascido no Botswana em 1948, é professor de medicina forense, uma autoridade internacional em genética, autor publicado e o consultor para a UNESCO e para o governo britânico em bioética. No dia-a-dia. Porque Alexander McCall Smith é também escritor, criador de ficção policial, como The Nr. 1 Ladies Detective Agency Series ou The Sunday Philosophy Club Series, de vários contos e de muitas histórias infantis.
No site do "Telegraph", McCall Smith tem publicado (já vai em 30 episódios) um romance em episódios, que tanto podem ser lidos como escutados (leitura dramatizada por Andrew Sachs, o Manuel de Fawlty Towers); ou seja, uma mistura de folhetim com rádio novela. A escrita de Alexander Mcall Smith é bem-humorada, perspicaz e ligeira, e Corduroy Mansions é disso um excelente exemplo. De notar as ilustrações de Iain McIntosh. Este é o primeiro romance online do autor, que aceita sugestões dos leitores à maneira que avança na história. Que rica ideia!


24/10/2008

Ontem à noite

Ontem à noite houve jazz no Teatro Micaelense, com Lee Konitz e Minsarah (um trio composto por Florian Weber, Ziv Ravitz e Jeff Denson).
Ontem à noite eu senti tudo isto: batuque tribal, rumor de árvore, numa bateria irrequieta e sensual; trinado rouco ou grito estonteante, o saxofone como um pássaro sábio que, apesar de maduro, ainda conhece o sabor da liberdade; do contrabaixo, um pulsar cavo, um ritmo cardíaco; e no piano as mãos acariciaram, harpejaram, dedilharam...
Ontem à noite eu senti e ouvi tudo isto.
E ontem foi apenas o segundo dia do X Festival de Jazz de Ponta Delgada.

22/10/2008

Que desânimo!


Há coisas que fazem a civilização (whatever it is!) recuar anos, décadas, no tempo. Continuo no séc. XIX e já não é por influência de Os Maias...

20/10/2008

PSSST!



Como um raio...
Não sei se é do calor húmido que por aí anda, se do rescaldo de um Verão carregadinho de festivais, concertos e espectáculos, ou se da crise, mas a verdade é que noto alguma apatia nas pessoas. Na verdade, estou a ser simpática: o pessoal está de rastos. Sem inspiração. Eu própria incluída.
Do que precisamos? De mais lazer? Ou será de laser? Segundo uma publicidade que vi recentemente no mercado regional, é de laser. Sabem, daquele que se pratica quando se vai de férias — deve ser porque as férias são tão rápidas quanto um raio e deixam sempre uma marca indelével na nossa memória!
Pois é, a confusão entre Z e S dá azo (com um Z, viram? Porque se for com um S, já será uma conjugação do verbo “asar”… ou um advérbio antigo equivalente a “sob”) a este tipo de situação. Outras haverá, com certeza, mas esta é das minhas preferidas. Então, quando se fala de ócio, descanso, passatempos, é com um Z ou com um S? Com um Z, claro. Vem do latim e lê-se acentuando a última sílaba. E o outro? O laser? Vem da Física. Exacto. É o acrónimo de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation: LASER. E lê-se à inglesa, transformando o A num EI. Conclusão: quando vai de férias ou quando descansa, está num momento de lazer; quando falar de laser, está a referir-se a amplificação de luz.
E se vos der uma lazeira, combatam-na. Hoje é dia de votar.

P.S. — e para baralhar, pode ter um momento de lazer num Laser, desde que este seja um pequeno barco à vela.


Publicado no Açoriano Oriental a 19 Out 08

19/10/2008

2

Para além de ser bastante óbvio que estou a (re)reler Os Maias, as comparações entre o fim do séc. XIX e este princípio periclitante do séc. XXI não acabam...

"- Preocupação peninsular, filho - disse Afonso, sentando-se ao pé da mesa, com o seu chapéu desabado na mão. - Desembaraça-te dela. É o que eu dizia noutro dia ao Craft, e ele concordava... O português nunca pode ser um homem de ideias, por causa da paixão da forma. A sua mania é fazer belas frases, ver-lhes o brilho, sentir-lhes a música. Se for necessário falsear a ideia, deixá-la incompleta, exagerá-la, para a frase ganhar em beleza, o desgraçado não hesita... Vá-se pela água abaixo o pensamento, mas salve-se a bela frase."
In Os Maias, Eça de Queirós, Ed. Livros do Brasil, pág. 259

Observação genial. E muitas vezes verdadeira. Aplicável a muita gente, myself included em ocasiões.

16/10/2008

Ainda dizem que a História não se repete...

"Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única ocupação mesmo dos ministérios era esta - «cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo». E assim se havia de continuar...
Carlos não entendia de finanças: mas parecia-lhe que, desse modo, o país ia alegremente e lindamente para a bancarrota.
- Num galopezinho muito seguro e muito a direito - disse Cohen, sorrindo. - Ah, sobre isso, ninguém tem ilusões, meu caro senhor. Nem os próprios ministros da Fazenda!... A bancarrota é inevitável: é como quem faz uma soma..."
In Os Maias, Eça de Queirós, Editora Livros do Brasil, 2006, pág. 169

Não são de hoje estas palavras, são de 1888. E ainda dizem que a história não se repete? Pois...

13/10/2008

PSSST!



Vote já!
Esta coluna, caríssimos leitores (sim, porque tenho a esperança que seja mais do um!), tem versado o tema comunicação em geral, língua portuguesa em particular. E comunicação é um tema muito vasto, não é? Por isso, sem querer colar-me às eleições que aí vêm, não posso deixar de lançar umas ideias. É que este é o período, por excelência, para a reflexão, a introspecção e, claro, a decisão. Mas porque falta ainda tanto para o dia 19, proponho uma votação imediata. Aqui vai…
Vote na opção em que mais acredita e envie para mim.
5 Conduções Irritantes
Fazer a rotunda toda por fora
Os pulinhos das passadeiras elevadas
Parar no meio da via para conversar com os amigos
Andar no meio da via por haver carros nos passeios
Os carros das campanhas a debitarem musiquinhas fanhosas
5 Situações Irritantes
Esperar que a pessoa à sua frente na fila do Multibanco acabe de fazer 10 pagamentos, 3 depósitos e 1 levantamento
As gravações telefónicas enquanto se aguarda a ligação
Não ter trocos para o parquímetro
Os inquéritos, presenciais ou telefónicos
Os carros das campanhas a debitarem musiquinhas fanhosas
5 Sons Irritantes
Os toques de telemóvel, principalmente se forem das Spice Girls ou do Toy
Os apitos sinalizadores de marcha atrás
Mastigar pipocas e sorver bebidas durante um espectáculo
Música de elevador ou de parque de estacionamento em repetição até ao infinito
Os carros das campanhas a debitarem musiquinhas fanhosas

Pronto, fico então a aguardar. Pense bem, não se deixe influenciar e vote. Já.



Publicado no Açoriano Oriental de 12 Out 08

08/10/2008

Nem queria acreditar!

Por causa de um trabalho que estou a produzir, andei à procura na net de alguma espécie de cronologia da história recente de Portugal, algo que me ajudasse a localizar os eventos, para depois os pesquisar melhor. Procurei, procurei e nada... Mal mudei a terminologia, de "cronologia" para "timeline", encontrei imediatamente uma excelente e sucinta na página de... adivinhem lá quem... da BBC. Nem queria acreditar mesmo! E em sites portugueses? Esqueçam lá isso...

06/10/2008

PSSST!


Há caracóis!
Eu andava a fugir disto. Até porque é um clássico e já tem um lugarzinho de destaque no panteão. Dos disparates.
O melhor é concretizar. Por exemplo, cruza-se com alguém conhecido na rua e diz: olá, _____ tanto tempo que não te via. Que palavrinha coloca no espaço em branco? Há, à ou ah? Está a dizer que existe, está fazer uma contracção ou está a ter um ataque de espanto?
A coisa ainda se complica mais se nos reportarmos a textos onde, ao invés do “à”, nos deparamos com um “á”. Deixem-me dizer-vos desde já que isto não existe. A não ser em expressões como «á-bê-cê», não senhores, não há. É apenas uma miserável criatura nascida da confusão entre o acento grave e o acento agudo. Que já são, só por si, fonte de grande agitação. Cada um usa a mnemónica que quiser, mas posso dar uma ajudinha: grave inclina-se para a esquerda e agudo inclina-se para a direita. E para distinguir uns de outros: “há” é do verbo haver e significa, neste caso, “existir”, e a sua conjugação é impessoal, não sujeita a género ou número (por isso é que não “hão” caracóis!); “à” é a contracção da preposição A e do artigo definido/pronome demonstrativo A, e que encaixa que nem uma luva em «O António vai à escola» ou em «Dei um livro à Ana»; e “ah” é uma interjeição exclamativa.
Só para rematar, “às” é o plural de “à”, e não a mais valiosa carta de qualquer naipe. Esse (ou essa) será o “ás”. Do volante, da política ou de copas…

Publicado no Açoriano Oriental de 5 Out 08

04/10/2008

Há coisas fantásticas, não há?

Acho verdadeiramente extraordinário este SIM de Santana a Ferreira Leite para a CMLisboa! Mas as pessoas estão mesmo esquecidas dos disparates do homem? Read and weep...

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/