14/09/2009

PSSST! (semi-retrospectiva)

Iné-dita
Tenho uma pergunta a fazer: alguém conhece uma tradição inédita? Tenho andado à procura e não está fácil… Sei que foi avistada uma lá para os lados do grupo central, pelo menos foi esse o relato feito por um(a) profissional da comunicação social. Mas eu não vi. Tenho tanta pena!
Como não tem sido possível encontrar este espécime tão raro, pergunto-me se não terá sido mais um daqueles casos de avistamento ilusório ou identificação errónea. Será que era uma tradição endémica? Talvez uma tradição herética? Esperem… sim… uma tradição anódina. Ah, já sei, uma tradição idálica (perdoem-me, não resisti!). Foi desta, não acham?
A sério. O adjectivo inédito significa “algo nunca visto”; ou “um texto nunca publicado”; portanto, será algo “original”. A expressão tradição inédita esconde um contra-senso, pois para ser tradição precisa de algumas décadas — isto na versão «fast food» — para se afirmar; e se for inédita, nunca foi vista.
Então porque não dizer de imediato que era uma tradição original? Até mesmo insólita, se se quiser fazer um juízo de valor. Fazer notícias não é fazer literatura. A clareza do que se comunica, quando se comunica para as massas (não, não são as italianas), é importante na medida em que a mensagem será mais facilmente apreendida. E, depois, bem… é que a tradição já não é o que era!
Publicado no Açoriano Oriental em 2008

Sem comentários: