07/06/2010

PSSST!


Parece que há uma ilha aqui
Parece uma vírgula mas não é (na verdade, é tão maltratada pelos portugueses como a própria da vírgula, que passa a vida a ser colocada nos locais mais impróprios…) e o seu lugar é por baixo do C que precede A, O, U. Apenas nestes casos, nada mais. Mas aqui é que está o busílis: não sei se por uma questão de conflito de personalidade da cedilha que, havendo perdido o norte, alapou e não mais largou outros C que dela não precisam; se por causa de alguma disfunção que impele o falante-“escrevinhante” a cecear incessantemente, intensificando desnecessariamente o som de sibilante do ‘cê cedilhado’ até ao cicio absoluto; se por ignorância. Não sei, até pode haver mais razões…
A cedilha é um sinal gráfico ou um diacrítico que se coloca sob o C antes das vogais A, O, U para indicar que deve ter o som de S inicial, como ‘sino’, ‘selo’ ou ‘sorte malvada’. Nos casos de E, I a cedilha é desnecessária. Ouviram? Não é preciso, obrigada, deixe estar, é muito gentil da sua parte mas não é necessário, a sério…
A cedilha não é exclusiva à língua portuguesa, nem sequer teve origem no Português, e encontra-se em línguas como castelhano, catalão, francês, albanês, letão, romeno ou turco — e em qualquer língua que tenha herdado fonemas das outras, como em inglês se usa «façade» para fachada, importado directamente do francês.
A çedilha deve ser usada com parçimónia e não apareçer desneçessariamente por aí, por çenas que não são dela. Estranho, não é? Então, já sabem, em caso de E, I cedilha fora vezes nada. E se há uma ilha em cedilha, respeitem as coordenadas geográficas e rodeiem-na de A, O, U por todos os lados. Ou pelo lado certo…


Publicado no Açoriano Oriental a 6 Junho 2010

Sem comentários: