24/11/2008

PSSST!


De flores e peixes
Bem sei que a flor em questão não faz parte dos nossos cenários habituais. Não se encontra à beira da estrada, não pontilha os campos de azul nem cobre encostas de amarelo. Mas existe em profusão. De cor e variante. Chama-se prótea. Exacto. PRÓ-TE-A. Com acento no Ó. Não é proteia, próteia ou quejandos. Se assim fosse, que chamaríamos àquele simpático peixinho de carne branca e sabor tão popular na nossa cozinha? Abróteia? Tinha graça: ó Sr. Luís, prepare-me aí uma abróteiazinha cozida com couve e batata! É de hoje, a abróteia?
Prótea e abrótea assemelham-se apenas no facto de serem palavras esdrúxulas e de terem terminação semelhante. Aliás, quando falamos, é comum colocarmos o som de “i” no meio de sílabas cujos sons vocálicos sejam “e-a”; fica mais fácil. Como “vaguear”, “passear” ou “laurear”. A pevide… ou não.
Então, fica decidido: prótea é o género-tipo de uma planta ornamental da família das proteáceas. Palavra que não deve ser confundida com protéases, algo de muito complexo ligado às enzimas, proteínas e aminoácidos.
Por esse mundo fora, «protea» (à inglesa) pode também ser o nome de um carro criado nos anos 50 ou de uma equipa de críquete, tudo na África do Sul; ou de um asteróide, o 9313 Protea, mais precisamente, lá para os lados da cintura principal.
E o masculino de prótea não é próteo: este é o adjectivo que se usa quando se quer designar algo ou alguém que muda facilmente de opinião ou forma. Digam lá se não seria um epíteto fantástico!

Publicado no Açoriano Oriental de 23 Nov 08

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