Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Escrito em 1928 por Fernando Pessoa, sendo o poema que fecha a Mensagem. Sinto-o tão actual.
3 comentários:
perfeito, Maria, perfeito!
Até arrepia! Excelente.
Concordo contigo MM,
muito bom, muito actual.
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