11/06/2009

É a hora!

III - Os Tempos

Quinto
Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Escrito em 1928 por Fernando Pessoa, sendo o poema que fecha a Mensagem. Sinto-o tão actual.

3 comentários:

Su disse...

perfeito, Maria, perfeito!

Filipe Machado disse...

Até arrepia! Excelente.

Raquel Roque disse...

Concordo contigo MM,
muito bom, muito actual.