17/11/2008

PSSST!

E nos Açores, chove!
Isto de se ser açoriano é realmente muito especial.
Para começar, temos direito a, pelo menos, 3 entradas nos dicionários. Até podem ser 4! Passo a explicar: AÇORIANO com um “i”, pois essa é a grafia mais correcta para o adjectivo que determina a nossa origem; em alguns dicionários ainda se encontra o antigo AÇOREANO, com um “e”, pois até aos anos 20 do séc. XX as duas grafias coexistiam; como variantes menos conhecidas, as entradas AÇORENSE e AÇORENHO.
Mas não é só por isso que somos especiais. Numa época em que as oscilações climáticas mudam a face do planeta, nós temos sempre chuva. Nunca falta água nos Açores. Basta ver os telejornais nacionais. Sim senhores, podem vir aos Açores à vontade, água há sempre, seja para beber, para lavar os dentes, para molhar os pezinhos. Ou para meter a pata na poça. Pudera, numa área de 2.333 km2, no meio do Atlântico, num clima com as nossas características, há-de sempre chover em algum sítio, não é? E se a isso juntarmos o anticiclone, bendito mensageiro de bom tempo, fenómeno invejado nas terras do continente, ainda melhora. Porque eu acho que o nosso anticiclone não influencia apenas o tempo. Também mexe com a disposição. Por exemplo, acham que o Presidente da República tem estado sob a influência de uma frente fria? Sabemos que, durante o inverno, um anticiclone pode criar inversão de temperaturas e manter névoas no ar durante largos dias. No verão, não faço ideia. Com o aquecimento global, tudo é possível.
Mas não nos podemos queixar. Seria muito pior se (segundo rezam as histórias da História), em vez da ave açor, tivessem os navegadores reconhecido o milhafre — seríamos hoje os milhafrenses!
Publicado no Açoriano Oriental a 16 Nov 08

1 comentário:

Su disse...

Muito, muito, muito boa a tua crónica, Maria!!!
Gosto dessas viragens de tema repentinas mas bem engatadas, pilhas de graça à pergunta se o PR está a sofrer de uma frente fria!!! Sempre é melhor que um ataque de caspa, que eu sinceramente, acho k ele também tem...