10/11/2008

PSSST!


Dupond e Dupont
Se é uma figura de estilo e linguagem, se é um vício habitual ou se é as duas coisas, a verdade verdadeira é que o pleonasmo veio para ficar para sempre e de vez.
Uf! E para completar esta torrente de pleonasmos, só me faltou colocar a palavra “ambas”. Compunha o ramalhete… para pior! Na verdade, não precisava praticamente de metade das palavras usadas, pois uma figura de estilo ou de linguagem é exactamente igual; um vício tem de ser um hábito ou então não é vício; a verdade é verdadeira; e ficar para sempre ou de vez é o mesmo!
Um pleonasmo é um pouco como o engraçadíssimo par Dupond e Dupont, das histórias de Tintim: fica tudo em duplicado. É uma redundância, propositada ou não. Se for, é um pleonasmo literário: “Ó mar salgado” de Pessoa é um pleonasmo, pois um mar só pode ser salgado (se tiver água doce é um lago); na literatura, o pleonasmo é usado para reforçar uma ideia de um texto. Se não for propositado, é resultado de vícios de linguagem, como “subir para cima”, descer para baixo”, “hemorragia de sangue”, “surpresa inesperada” ou “elo de ligação”.
Nada de mal acontece a quem recorre ao pleonasmo: não há punições, apenas se sujeita ao riso dos outros, desde o tique nervoso que eleva o canto dos lábios até à gargalhada desenfreada. Por exemplo, dizer que se tem uma ferida purulenta e cheia de pus é um pleonasmo, porque são exactamente a mesma coisa: o Dupond diz “purulenta” e o Dupont diz “cheia de pus”. «Eu diria mais»…
Publicado no Açoriano Oriental de 9 Nov 08

1 comentário:

Su disse...

Óptimo post, comme d´habitude!
Além disso, um serviço público que prestas, pois sempre vais chamando a atenção para erros comuns de português. E com graça! Gracias!!
A sonora gargalhada surgiu com "as feridas purulentas e cheias de pus", ahahahahah!
Maria, a menina é tremenda...
;)