15/02/2009

PSSST!

Imediatamente, se faz favor!
Ser-se mediático — e suas vantagens e inconvenientes — foi amplamente debatido na SIC esta semana. Cada um retira as conclusões que quiser; não é isso que me traz aqui hoje.
Mediático é um adjectivo que nasce do conceito “media” (que, em Portugal, deve ser lido com um «e» aberto, ao invés do Brasil, que privilegia a leitura e grafia mais próximas do inglês “mass media”: ou seja, mídia). “Media” é uma palavra que nasce no Latim, significa meio e já está no plural, sendo “medium” o singular (e sem acento, para não se confundir com médium, o intermediário entre os vivos e as almas do outro mundo). De “media” surge mediático e, por arrasto, mediatismo — este último não é reconhecido pelos dicionários que consultei.
Se se deve usar a palavra “media” ou a expressão meios de comunicação social, também deixo ao vosso critério. Mas pensem um pouco: ser-se mediático é ser-se imediato? Supostamente não, pois é-se mediático porque se usa ou se é usado por um meio de comunicação, logo, um intermediário; mas tem-se exposição imediata, mesmo que bem ou mal mediatizada. Portanto, é-se mediático de uma forma mediata que resulta num efeito imediato. E ser-se mediático é ser-se mediano? Se calhar, pois a média que eu daria por ter de suportar a pelagem das pernas de fulano, a roupa interior de sicrana ou as namoradas de beltrano seria muito baixa; tão baixa quanto a que eu daria aos “media” que mediatizam o português com erros; ou aos governantes que, de tão imediatos que querem ser, se mediatizam por dá cá aquela palha. Quererá isto dizer que somos um país médio? Não sei, desde que não sejamos totalmente imediatos e muito menos instantâneos… como a sopa de pacote.

Publicado no Açoriano Oriental a 15 Fev 09

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