18/02/2009

"Azores" de John Updike, na tradução de Jorge de Sena

Açores
Por John Updike

Tradução de Jorge de Sena

Grandes navios verdes
eis que navegam
ancorados, para sempre;
sob as águas

enormes raízes de lava
prendem-nos firmes
a meio do atlântico
ao passado.

Os turistas, pasmando
do convés,
proclamam aos guinchos lindas
as encostas malhadas

de casinhas
(confetti) e
doces losangos
de chocolate (terra).

Maravilham-se com
os campos graciosos
e os socalcos
feitos à mão para conter

os modestos frutos
das vinhas e das árvores
importadas pelos
portugueses:

paisagem rural
vindo à deriva
de há séculos;
a distância

amplia-se.
O navio singra.
Outra vez a constante
música alimenta

um vazio à popa,
os Açores sumidos.
O vácuo atrás e o vácuo
à frente são o mesmo.


Tal como prometido, aqui vai a tradução; obrigada à Katharine por me ter recordado esta promessa. Quem quiser ler o original que clique aqui!

1 comentário:

Filipe Machado disse...

Não sou nenhum conhecedor ou apreciador de poesia, contudo não posso deixar de comentar o quanto esta transporta-me visualmente para as suas linhas.