17/05/2009

PSSST!


Oremos…

Não é de propósito, este título hoje, juro que não é. Mas esta semana apercebi-me da diferença que faz um H.

Para começar, há (com H, pois claro, porque é do verbo haver; não é nem primo afastado do “à”, a contracção da preposição A com o artigo A) a polémica do H-que-cai-ou-não-cai com o acordo ortográfico. Parece que não cai; pelo menos se não for empurrado. Em português do Brasil, escreve-se “úmido”, mas por uma questão de etimologia — é defendida a tese de que a palavra deriva do latim «umidus»; em Portugal, seguimos a variante «humidus», igualmente adoptada pelas línguas inglesa, francesa e castelhana. Na Europa, é húmido com H.

Mas adiante. Isto nem sequer é que me traz aqui hoje (H-que-não-cai), pois, em termos de humidade, mesmo que caísse, o significado da palavra não mudaria. O que mudaria seria, por exemplo, se caísse o H de hora. Confundir-se-ia com ORA do verbo orar (que significa rezar, discursar ou pedir; ora e perora estão no presente do indicativo ou no imperativo, e usam-se tanto em novos e grandiosos templos como em encontros políticos); com ORA, conjunção equivalente a “ademais”; com ORA, interjeição de desprezo; com ORA, parte da locução ora…ora; e com ORA, de agora, como na expressão “por ora”. E esta veio mesmo a calhar: “por ora” significa “por enquanto”. Mas imagine que coloca aí um H — fica “por hora”. Já é outra história, já implica negociações, impostos, papelada e remunerações.

Donde concluo que se deve ter muito cuidado com o local onde pomos os nossos Hs. Dignifiquemo-los. Afinal sempre fazem parte de palavras como humano ou habitação. Não seja hebetante!

Publicado no Açoriano Oriental a 17 Maio 09

2 comentários:

Filipe Machado disse...

Vá, diz lá se não foi de propósito a colocação deste título. A mim não enganas ;)

Maria das Mercês disse...

Tu não me apoquentes....