24/05/2009

PSSST!


Macarronismos…


Aqui há dias senti-me muito mediterrânica. É uma sensação fantástica, claro, mas descabida para quem vive nos Açores. Tudo isto porque na rádio falaram na Macarronésia. Rigorrosamente na Macarronésia. Que deve ser a terra onde se produz o macarrão, lá para os lados de Itália, portanto mais perto do Mediterrâneo. Daí a sensação.


E quem fica na Macarronésia? Os Açorres, a Madeirra, as Canárrias e Cabo Verrde (olhem lá o jeito que deu para esta crónica o facto de todos estes arquipélagos terem um R no nome!). Altamente macarrónico!


A propósito: macarrão tanto pode vir de «makron», de «makaria», estas de origem grega, ou do italiano «macchare»; para ajudar, macarrão também pode ser um pequeno moitão de ferro. Macarrónico significa burlesco ou ininteligível*.


Para além de um normalíssimo tique de fala ou de se ser de Setúbal, estamos a falar é da Macaronésia — conjunto de arquipélagos com perfil biogeográfico semelhante, localizado no Atlântico norte. Macaronésia é um vocábulo que provem do grego e conjuga as noções de «makáron» (feliz, afortunado) e de «nesoi» (ilhas); por isso, os antigos geógrafos consideravam como abençoadas as ilhas que ficavam a oeste do estreito de Gibraltar.


E por falar em Atlântico, e num exercício de puro idílio geográfico, contei pelo menos 90 ilhas no lado norte e 16 no lado sul. Portanto, dizermos que somos ilhas do Atlântico também não é lá grande diferenciação.


Digamos Açores, Azores ou Azoren; leiamos à francesa ou japonesa; até podemos dizer Açorres… não importa, desde que sejamos sempre nós!


Publicado no Açoriano Oriental a 24 Maio 09


*no jornal foi publicada a palavra "inteligível" quando o que eu queria era dizer o contrário; é o resultado de fazer as coisas à pressa; as minhas desculpas.

Sem comentários: