10/05/2010

PSSST!

(des)encontrão

E com esta vão três. Não é por senilidade ou falta de assunto, não senhores. É mesmo por revolta. Ou por cansaço. Pode também ser pela dor aguda que nasce dos tantos, imensos, tremendos encontrões que por aí andam. Ainda hoje assisti, pelo menos, a dois, via rádio.

Peço (e hoje é um bom dia para pedidos miraculosos), imploro a todos que sintam um impulso inevitável para proferirem as expressões ‘ao encontro de’ e ‘de encontro a’ que reflictam um pouco antes de o fazerem. Principalmente se tiverem um qualquer papel de liderança. Não lhes fica bem andarem por aí aos encontrões — um líder deve ser uma pessoa tranquila, concentrada nos seus afazeres, consciente das suas responsabilidades —, tropeçando nas suas próprias palavras em plena comunicação social.

Apanhar um encontrão aqui e acolá, vá, acontece. «Ai, desculpe, não o vi!»… Mas da maneira que as coisas andam actualmente, tanto encontrão só pode ter resultado maléfico. Epifania! Será por causa da confusão entre ir ‘ao encontro de’ e ir ‘de encontro a’ (sendo o primeiro sinónimo de concordância, e o segundo um banal e miserável encontrão) que o mundo se encontra da forma que está? Será? Adoraria que fosse, estaria tudo resolvido num instante! Bastaria obrigar todos os ‘desencontrados’ da língua portuguesa, os que repetidamente sugerem encontrões ao invés de concordância, repito, obrigá-los todos a pegar numa gramática, num dicionário, num caderninho de linhas (até poderia ser virtual, de portátil em punho) e estudar de novo. De volta à primeira classe! Que sonho bonito!

Despeço-me, pois vou agora para o Campo de São Francisco evitar ser abalroada pela multidão…

Publicado no Açoriano Oriental a 9 Maio 2010

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