08/03/2009


Mergulho a 500 metros sem ar
Não admira que o país ande sufocado. Diria mais, submergido. Afogado. Asfixiado. Enfim, afundado.
E de quem é a culpa? Dos pontos de vista. De acordo com os muitos textos que consultei (e são tantos os exemplos que esgotaria o presente espaço!), estamos «sob» infinitos pontos de vista: ele é “sob o ponto de vista pedagógico”, e é “sob o ponto de vista do conteúdo”… “sob o ponto de vista funcional”… “sob o ponto de vista arquitectónico”…
Que um ponto de vista pode ser, conforme o emissor, algo mais do que uma opinião e tornar-se uma ordem ou um dogma, eu sei que é possível. Olarila. Mas que se transforme num jugo tão pesado que andemos todos de rastos, é que já é demasiado. Agora, pergunto o óbvio: e o que está sob o “sob o ponto de vista”? O que lá se esconde? Outro ponto de vista? A verdade? Absolutamente nada? Musgo? E como se determina o peso do ponto de vista? Conforme a força do «sob»? Haverá um ponto de alavanca? Enfim, questões filosóficas que deixo para quem de direito. O que sei é que Portugal é um país tão prenhe de pontos de vista que o resultado só pode ser desastroso.
Proponho uma solução: deixemo-nos de profundidades, esqueçamos o que se esconde nas funduras e passemos a falar DO PONTO DE VISTA ou NO PONTO DE VISTA, conforme a visão periférica de cada um.
E se não tiver vista, seja de que ponto for, pode pedir um empréstimo a quem realmente tem e até impressionar os outros… ah, mas esperem, isso já fazemos!

Publicado no Açoriano Oriental a 8 Março 09




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