01/11/2009

PSSST!

Penso, logo digo.

Nem sequer sou fã de futebol (…e… abundante chuva de pedras). Mas a notícia da criação de um logótipo para a candidatura conjunta Portugal-Espanha ao Mundial de Futebol de 2018 fez-me vasculhar os dicionários, reais e virtuais, que encontrei pelo caminho. É que o jornalista em questão disse “logotipo”. LÓ-GÓ-TÍÍÍÍÍ-PO. Só a última sílaba é que não era acentuada e a penúltima arrostava com o peso todo da palavra. É que eu julgava que era logótipo. GÓ. E julgava bem, mas aparentemente a outra versão também já é aceite. Corruptela? Muito provavelmente. Culpem os gregos, se quiserem, mas logótipo é uma palavra esdrúxula, logo acentuada na penúltima sílaba — como linótipo ou tipógrafo que, para além de serem esdrúxulos, até pertencem à mesma esfera de ideias.

Ora de corruptelas e quejandos está o mundo cheio, mas que o corrompido já esteja institucionalmente publicado já é outra história. Ou não. Pensando bem, até é bastante comum. Sem querer entrar em qualquer logomaquia, ou até para contrariar alguma tendência logógrafa minha, e não é porque sofra de logofobia (já estão de dicionário em riste?), soa-me melhor dizer e ouvir logótipo. É mais… como dizer… mais… logótipo! Visualizo melhor o significado e valorizo mais a finalidade. Sem chegar a um qualquer extremo logogrífico (e eu que pensava que nunca arranjaria palavras que rimassem com frigorífico!), não seria melhor darmos preferência às peças de origem e ignorar certas imitações? Não tenho a resposta. Não sei onde estará. Duvido que possa ser encontrada, a não ser por meio da logotecnia. Ou do debate público, que tambémbém estátá na modada. Ai, desculpem, foi um ataque — não de soluços mas de logoclonia!

Publicado no Açoriano Oriental a 1 Nov 09

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