08/11/2009

PSSST!

Absurdos cumprimentos

Há dias, uma amiga fez uma observação pertinente: o contra-senso (ou contrassenso, no futuro, o que me parece menos sensato e mais sinuoso!) que é enviar, no fecho de uma missiva, a frase “com os meus melhores cumprimentos”. A questão que ela me levantou foi a da utilização do comparativo “melhores”. Melhores do que o quê? Realmente, dá que pensar. O nosso dia-a-dia está recheado de frases feitas sobre as quais pouco reflectimos.

Para começar, se for uma carta escrita em nome pessoal, assinatura inclusive, os cumprimentos só podem ser de quem subscreve na primeira pessoa — “meus”, portanto; muito estranho seria que fossem de outra pessoa que não a que assina a mensagem, mesmo que acrescente cumprimentos de outrem; se for uma instituição, como o banco que nos guarda o capital, os cumprimentos são “nossos”, claro, embora este “nossos” seja uma coisa algo difusa, tanto quanto o local exacto onde os meus dinheiritos estão guardados.

E se há melhores, será que existem “piores cumprimentos”? Cumprimentos assim-assim? Azedíssimos cumprimentos (para os mais criativos, mas com disposição biliosa)? Cumprimentos enfastiados? Será que é uma questão de concorrência: os cumprimentos do banco X são melhores do que os do banco Z? Se o saldo for negativo, até é uma insinceridade. Ou melhores do que os da companhia de seguros? Dos das Finanças?

No meu fraco entender, os cumprimentos não devem ser nem melhores nem piores; podem, sim, ser sinceros, calorosos, atenciosos… até resplandecentes, conforme o dia e humor. Ou apenas cumprimentos e ponto final.

Diga-me, leitor, que tipo de cumprimentos habitualmente manda?

Errata da semana passada: antepenúltima, ao invés de penúltima.

Publicado no Açoriano Oriental de 8 Nov 09

1 comentário:

Zezinho disse...

Atenciosamente
Com os cumprimentos