15/12/2008

PSSST!


Cota, eu?
Há dias, um amigo e leitor encontrou um erro numa das minhas colunas. Pelo acontecido — por este e outros erros ou gralhas —, mil desculpas. Flagelo-me aqui, sentida e cabisbaixamente… E sem querer desculpar-me, a verdade é que tenho muitas dúvidas. Entre acordos ortográficos e erros comuns tornados norma por uma espécie de usucapião, uma pessoa baralha-se.
Por isso mesmo, dei-me outro dia conta que não tinha a certeza absoluta de todos os sentidos desta palavra: cota? Quota? Quando? Quem? A razão pela qual precisei da palavra, já vos digo; mas deixem-me antes dizer o que descobri.
“Cota” pode ser inúmeras coisas, das proveitosas às inúteis: pode ser uma armadura medieval (a famosa cota de malha) ou uma espécie de gibão; já foi uma unidade de medida na Índia; é o lado oposto ao gume de um utensílio cortante (estas duas eu não sabia!); e ainda um número para classificar peças num processo, um apontamento na margem de um livro, uma diferença de nível geométrico, a distância de um ponto a um plano horizontal de projecções (imensa matemática…), uma medida em desenhos técnicos, um quinhão (ou quota), podendo até — se quiser impressionar os amigos — falar de uma cota piezométrica. Sem esquecer, claro, “cota” de origem angolana, moderno vocábulo usado pelos adolescentes para designar uma pessoa mais velha. “Quota” é um quinhão, uma contribuição, a parte de um capital ou uma prestação, como as quotas de mercado ou a quota-parte.
Agora, a razão por que me lembrei disto? Porque queria cotar umas quotas. E não era capaz. Deve ter sido porque, naquele momento, os meus neurónios, tais como os deputados da nação, sofriam de absentismo!

Publicado no Açoriano Oriental a 14 Dez 08

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