07/12/2009

PSSST!

De que 1º
Até que ponto é uma pessoa influenciada pela publicidade? Para passar à fase seguinte, por favor escolha uma resposta: muito, às vezes, nada. Se disse nada, mentiu. Se disse muito, aconselho uma profunda revisão da sua filosofia de vida. Se escolheu às vezes, é uma pessoa perfeitamente normal. O problema é que nem sempre a língua portuguesa fica bem na fotografia…
Num anúncio em voga na televisão, a protagonista pergunta “o que estão a falar?”. Piiiiiiii! Errado. Noutro, ouço qualquer coisa como “50% de desconto nas marcas que mais gosta”. Piiiiiiii! Errado. E porquê, diga-me? Não sente falta de alguma coisa? De quê? De de. Exacto, de uma palavrinha tão pequenina, de uma minúscula e aparentemente insignificante preposição, de…
Há verbos e nomes que precisam da preposição “de” para ficarem completos. Lembrar, esquecer, gostar, avisar são alguns dos verbos em que, na esmagadora maioria das vezes, o singelo “de” é necessário. Faça um teste: se o complemento ao verbo ou ao nome puder ser substituído pelo demonstrativo “isso”, então o “de” é essencial. Você gosta isso ou gosta disso? Lembra-se isso ou lembra-se disso? E quando entra a meio de uma conversa, pergunta o que falam ou do que falam? Falam de, sem dúvida, de algo ou de alguém, conforme o grau de coscuvilhice. O fenómeno da queda do “de” junto do “que” é tão comum que até já foi baptizado: queísmo.
No entanto, o assunto não se resolve de forma assim tão linear, pois casos há em que o “de” é opcional e outros em que o parzinho “de que” está em demasia. Lembrem-me de que isso fica para uma próxima…

Publicado no Açoriano Oriental a 6 Dez. 09

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