21/12/2009

PSSST!

Pacote de Natal
Já chegou. Praticamente…
Chega o Natal e, também, a azáfama dos votos, postais (caixa postal electrónica inundada), mensagens de SMS, a ocasional carta ou cartão e, claro, muitos acenos, muitos votos, muitos desejos. Fica a garganta seca e a imaginação esgotada. Nesta época, gemo sob o peso de uma atroz dúvida: devo apenas desejar Feliz Natal, com validade até ao dia 24, e passar novamente pelo mesmo martírio para, até 31, desejar Bom Ano? Devo optar pelo pacote 2 em 1 — Boas Festas — e assim arrumar os votos de uma vez por todas? Ou sucumbo a ambos? Ambos os dois?
Se pensam que me apanharam num erro, estão enganados. Talvez tenha cometido uma impropriedade de estilo, mas a expressão pleonástica “ambos os dois” não está errada, apenas deslocada — se for um discurso cuidado, elegante, não a use; se for um registo informal, não se amofine.
“Ambos” pode receber o artigo desde que a seguir o substantivo esteja declarado, mas também pode guardar o artigo para outra ocasião (empreste ao Português do Brasil, por exemplo); por outro lado, se é “ambos” é porque são dois, daí o bendito pleonasmo.
“Ambos” refere-se a dois, nunca a mais do que isto. Com “ambos”, três é demais. Bem… depende. Se disser «os dois amigos conversaram», a conversa foi entre aqueles dois; mas se for «ambos (os) amigos conversaram» então é porque falaram, os dois, com uma terceira pessoa; se a frase for «ambos não conversaram», reescreva e prefira «nenhum conversou».
Creio que vou economizar nos votos: opto pelo pacotito. Se depois despender mais do que o previsto, olha, logo se vê… peço ajuda ao Pai Natal.
Boas Festas!
Publicado no Açoriano Oriental a 20 Dez. 09

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