18/01/2010

PSSST!

Às canadas!
Isto é que tem sido um Inverno! E apesar de (segundo informações privilegiadas que me foram facultadas directamente por especialistas em meteorologia) estatisticamente não fugir à média, a chuva tem caído em bátegas, o nevoeiro tem estado cerrado e o vento soprado com força. Com tanta força que já não sei se bastará apenas dizer ‘vento encanado’ ou se deveríamos pensar em outros tipos de vento — vento encanudado, vento encadeado, vento encanastrado… Acorrentado não é de certeza! Para quem não conheça a expressão, ‘vento encanado’ é intrigantemente sublime. Vento quê? «Vent’incanáde». Já todos nós passámos por esse tipo de situação, quando as palavras que nos são reais e próximas representam um enigma para outrem. E é aqui que preciso da vossa ajuda, pois não tenho a certeza da origem da expressão: encanado como estando dentro de canos? Encanado porque soprava forte por meio das nossas estreitas canadas? Encanado porque é como se fosse às canadas, antiga medida equivalente a 4 quartilhos (é capaz de esta referência a quartilho, por cá geralmente de vinho, complicar ainda mais o assunto)? Ou porque era como se fossem vergastadas com canas, logo canadas? Não faço ideia. Mas que é às canadas, meus caros, às canadas, lá isso é. E de tal maneira que as roupas no varal balançam que nem «arredouças».
Muitas outras expressões regionais do foro meteorológico poderiam ser aqui exploradas. Falham-me a memória e a sabedoria. Deixo um conselho: para fugir ao vento encanado, que por aí sopra de tantos quadrantes, fiquem em casa a deliciarem-se com uma «carnina» com «arrojinho» malandro. Boa «semanina»!

Publicado no Açoriano Oriental a 17 Jan 2010

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